Redação: Brunno Moreira, Dayane Moraes dos Santos e Willi Becker
Edição: Ana Maria Morais
Localizada na região do Jardim Cascata, em Aparecida, a Associação de Povos Remanescentes do Quilombo foi fundada no início dos anos 2000 e busca constantemente condições de manter viva a cultura dos africanos refugiados das barbaridades da escravatura no Brasil. São povos originários de várias regiões do país: Minas Gerais, Brasília, Distrito Federal, e do interior do estado de Goiás.
Os eventos e ações da Associação têm o objetivo de resgatar as origens dos povos negros do Brasil, destacando os costumes e crenças cultivadas nos quilombos. A entidade foi fundada por Maria Lúcia das Dores, que resolveu criar a comunidade após aprofundar nas histórias de seus antepassados, e notar que sua família tinha vínculos com quilombos da época. “A nossa luta é para manter viva a nossa cultura, nossas origens, além da constante busca pela promoção da igualdade racial, que ainda é uma situação preocupante em nosso país”, informa Maria Lúcia.
São descendentes de pessoas que sofreram nas diversas fazendas de café, cana de açúcar, gado leiteiro, minérios, olarias de telhas e tijolos, entre demais segmentos que utilizavam a mão de obra escrava. Para fugir da violência de seus proprietários – aqueles que de acordo com as leis que legalizavam a escravidão, eram os seus tutores e além explorar a mão de obra, podiam castigar em caso de desobediência – criaram comunidades com condições de subsistência, sendo que o primeiro foi o Quilombo dos Palmares, em Pernambuco, cuja primeira notícia remonta a 1597, embora alguns estudiosos afirmem que sua fundação é anterior.
Após a abolição, em 13 de maio de 1888, os negros e os seus descendentes foram relegados à própria sorte e, desde então, algumas poucas políticas públicas foram criadas para tentar inserir essa parcela da sociedade, que continua a sofrer constantemente com a discriminação racial, tendo pouco acesso à educação, saúde pública, moradia digna, entre demais serviços básicos.
Vitória
Após anos de luta, a comunidade, que é formada por mais de 100 pessoas, através da associação, conseguiram o direito da moradia digna, tendo sido construídas pela Prefeitura de Aparecida, na gestão de Maguito Vilela em 2017, 73 casas, um investimento do Fundo de Desenvolvimento Social – FDS, do Programa Minha Casa Minha Vida, com recursos de 4,3 milhões de reais. Além da casa, um centro de convivência também foi construído na região para a promoção de eventos e exposições de trabalhos realizados pelo Quilombo Urbano. “Uma vitória para os povos negros de Aparecida, vamos continuar lutando, para que mais benefícios cheguem até os menos favorecidos, a minoria, como todos gostam de falar”, finaliza Maria Lúcia das Dores.