O mercado plus size está em ascensão no Brasil e marcas goianas se reposicionam para acompanhar esta tendência
Por Ana Paula Bispo e Giselle Alves
Edição: Profa. Patrícia Drummond
Um nicho de mercado que vem a cada dia conquistando mais marcas é o plus size. Empresas têm se reposicionado para atender as necessidades desses consumidores de moda maior, com peças exclusivas e diferenciadas, que ressaltam estilo, beleza e a jovialidade das peças. Algumas marcas goianas estão seguindo esta tendência e aproveitando para faturar atendendo também a este público, a exemplo da XZ For All Curves e Amora Plus Size. A inclusão de modelos plus size também vem repercutindo de forma, movimentando cada vez mais o mercado mundial, que está se reinventando, criando nova estrutura e ampliando seu leque de opções para atender o público plus size.
Segundo dados da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp), a produção de vestuário plus size feminino cresceu 2,9%, enquanto o vestuário adulto em geral teve queda de 1,3%, comparativo entre 2015 e 2016. A moda plus size é segmento que está em expansão no Brasil. Ainda de acordo com a Fiesp, já são mais de 492 indústrias de confecção desenvolvendo coleções específicas para o setor, 18% das lojas oferecem opções em tamanhos maiores e apenas 3,5% são especifico ao plus size. Esse número equivale a uma fatia de 2,5% dos estabelecimentos em atividade na indústria, movimentando cerca de R$5 bilhões em vendas anuais. O número parece pequeno, mas registra um salto histórico de 7,9% entre os anos de 2013 e 2015 em suas vendas.
O termo plus size foi criado nos Estados Unidos para se referir a modelos de roupas maiores que o convencional. Começou a ganhar força nas mídias nos anos de 1990, conquistando espaço em um mundo que era explorado somente pela ditadura da magreza. Sendo assim, a indústria da moda usou este termo para classificar manequins acima do 44, para conquistar e valorizar as formas de moda maior, um mercado que tem que ter cor estilo e muitas novidades.
É um segmento ainda pouco explorado no Brasil, representa 5% das lojas físicas de varejo em todo país, entretanto é um mercado promissor que vem crescendo significativamente na área da moda feminina. Isso ocorre porque 17% da população estão acima do peso. Existe pouca oferta e muita procura, o que traz oportunidades para novos empreendedores. O mercado plus size veio para diversificar, mudar e resgatar a auto-estima de pessoas acima do peso, desconstruindo tabus e preconceitos. Sabe-se que o mercado se baseia na lei da demanda e da procura, e mesmo assim o mercado têxtil demorou muito para se render à moda maior com estilo, jovialidade e elegância.
Muitas marcas plus size surgiram por meio das próprias necessidades, como é o caso da marca XZ For All Curves, que nasceu quando à proprietária Denise Aparecida, sentiu dificuldade para encontrar peças que coubesse em seu corpo, que fosse bonita e elegante. A empresa XZ atua no mercado desde 1986 com fabricação própria, e em 2013 resolveu ampliar seus negócios e atender também esse público de numeração maior. Atualmente com mais quatro lojas na cidade de Goiânia, com criações que sempre seguem os modelos atuais, transformando na necessidade das clientes.
De acordo com a gerente da marca, Anna Karolina Silva, no início a empresa enfrentou dificuldades em se estabelecer no mercado por serem peças joviais e com valores mais elevados, por serem peças mais trabalhadas e com um gasto maior de tecidos. Dificuldades essas, muitas vezes superadas pela qualidade do produto.
“Sim, temos que falar de inclusão e empoderamento, pois envolve muito mais que lucratividade, esse trabalho envolve ‘pessoas”. É o que afirma a proprietária da loja Amora Plus Size, Selma Pereira, que abraçou o segmento Plus Size por constatar a ineficiência desse mercado, pois faltava jovialidade nas peças. Ela acredita que o diferencial para o sucesso é o atendimento personalizado a cada cliente pois são, na grande maioria “pessoas que cresceram ouvindo que ser gordo é feio, pessoas que são rejeitadas 24h horas, pela ditadura da beleza e da magreza, existe muita fragilidade nessa abordagem. A empresária garante que um cliente plus size satisfeito é um cliente fidelizado e que acaba trazendo outros clientes fazendo assim a loja ser um sucesso.
Segundo a psicóloga Jane Nacare Carneiro, especialista em Psicologia Clínica, “o segmento plus size veio desmitificar o complexo de encontrar no mercado roupas de qualidade existe uma dificuldade na adversidade de uma estrutura corporal ideal, imaginária como algo desgastante para a psique. Pois o ideal nem sempre irá preencher as expectativas ou frustrações, as pessoas são seres de mudanças temperamentais, comportamentais e sempre faltosos, haveremos de nos bastar e cuidar de nossa alma, no sentido psicológico”.
Mercado impulsiona carreira de modelos plus size
Gabriela Caroli de Queiroz e Silva, de 32 anos, nascida na cidade de São Paulo, trabalhou no mercado financeiro com o pai. Com formação em gestão ambiental, se tornou modelo plus size aos 30 anos. Desde então, modelar é a sua profissão, o que mais gosta de fazer. A seguir, trechos da entrevista realizada com a modelo, para o Araguaia Online:
Como você se tornou modelo plus size?
Fui descoberta por uma estilista enquanto comia acarajé.
Quais foram seus maiores desafios ao assumir a carreira de modelo?
Evoluir para me manter na carreira e poder viver desse trabalho.
Sofreu algum tipo de preconceito quando criança?
Um pouco, mas por eu ser mais alta que as outras crianças, porém não era gorda. Mas eu mesma estranhava ser tão maior, sonhava em ser pequena.
Antes de sua carreira de modelo, quais eram suas maiores dificuldades no mercado da moda?
Eu não encontrava roupas facilmente em lojas de departamento e não conhecia as marcas que tinham opções. Encontrar sutiã era quase impossível.
O segmento plus size veio para ficar. O que mais precisa ser mudado no mundo da moda?
As marcas que fazem o fashion tradicional precisam ampliar a grade para o plus e valorizar essas clientes.
Quais os principais cuidados na vida de uma modelo Plus Size?
Ser responsável com o próprio conteúdo nas mídias sociais, pois muitas mulheres se baseiam pela gente. Além de cuidar da pele, cabelo, unhas, como qualquer modelo.
Muitas marcas têm mudado seu foco para alcançar diferentes padrões de beleza. Qual sua opinião em relação a essas mudanças e se ainda existe muito preconceito no Brasil no segmento plus size?
Essas mudanças são bem-vindas e tem uma aceitação enorme, mesmo sendo apenas por marketing. As marcas enxergaram uma oportunidade de mercado ao incluir diferentes corpos, não foi apenas conscientização. Mas que bom que estão usando essa influência para o bem, muitas pessoas que jamais se sentiram incluídas na moda hoje têm poder de escolha. Existe preconceito ainda, tanto que apesar da metade da população estar em sobrepeso o nicho plus não acompanha esse percentual.
Qual seu conselho para as meninas que desejam ser modelo plus size de sucesso?
Procure uma agência de confiança para avaliar seu perfil, não acredite em pessoas que pedem fotos ou marcam encontros para te conhecer. Se seu instinto desconfiar que seja roubada pule fora na hora. E sempre aprimore seu trabalho, estude, seja firme, pontual e dedicada.
O que motiva você em sua carreira e na vida?
Milagres acontecem, mas faça sua parte da forma mais correta possível. Não adianta apenas ter sorte em ser descoberta por alguém, você precisa se esforçar muito e mostrar retorno para continuar na profissão. Minha motivação é ver nas fotos o resultado de minha dedicação.