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Texto por: Heloisa Patoja | Acadêmica de Jornalismo da UniAraguaia
O mercado de trabalho e a demanda crescente da população pelos serviços de saúde mental atraem estudantes para a Psicologia, fazendo com que muitos sonhem em abrir seu próprio consultório ainda durante o curso. No entanto, muitos não sabem por onde começar devido à falta de referências, orientações e as burocracias envolvidas na abertura de um consultório físico, e encontram soluções e redução de gastos ao se aliarem ao ambiente online.
Segundo o Conselho Federal de Psicologia (CFP), o Brasil possui 534.542 psicólogos em todo o país em 2024, e a demanda continua crescendo devido ao aumento das discussões sobre saúde mental, psicopatologias, machismo, homofobia, racismo e intolerâncias. Mesmo com esse número alto de profissionais, pouco se fala sobre o desafio de gerenciar o próprio negócio na área.
Um levantamento feito no Brasil entre 2021 e 2023 pelo GetNinjas (aplicativo para contratação de serviços) para analisar e compreender o comportamento sobre o atendimento remoto em relação ao atendimento presencial na busca por psicólogos e psicanalistas, constatou que as modalidades praticamente se equiparam na preferência dos clientes, o online representando 52% das escolhas dos pacientes.
Mesmo encontrando diversos desafios, a psicóloga hospitalar Thalita Martins relata que sua decisão de iniciar atendimentos on-line, aconteceu enquanto aguardava o resultado de um processo seletivo. “Na época, me afiliei a uma clínica de psicologia, mas fiquei apenas cerca de quatro meses, pois logo consegui um emprego. Foi muito trabalhoso, por ser uma área diferente da minha especialização e por ter que captar e manter clientes. Hoje, muitos psicólogos captam pacientes por meio das redes sociais, algo que não faz parte do meu perfil de trabalho”, relata.
“Os custos com a contratação do consultório não param, tendo clientes ou não. Por isso, optei por atender online. Dessa forma, consigo reduzir custos e otimizar meu tempo. Além disso, é possível oferecer mais opções de horários para os pacientes. Geralmente, nas clínicas, é necessário rever o consultório com outros profissionais”, destaca Thalita.
Thalita afirma que mesmo o empreendedorismo ganhando cada vez mais espaço, não teve contato com disciplinas sobre o assunto durante a graduação. “Não temos uma disciplina a respeito disso, infelizmente. Tive contato com marketing e empreendedorismo depois que me formei.”
A pandemia de Covid-19, também teve influencia no crescente número de pessoas decididas a empreender on-line. O processo de adaptação ao meio virtual foi difícil para muitos empreendedores, mas visto por outros como uma oportunidade de expansão, que é o caso da psicóloga Nádilah Peres.
“A pandemia foi um momento de muitas mudanças. Até então, não existia essa prática de atendimento online. Quem fez isso poderia ser rechaçado. A pandemia obrigou todos a começarem a trabalhar dessa maneira, mudando muitas coisas. Formei-me nesse período de transição, onde todos estavam ainda muito divididos e sem saber o que fazer. Foi um momento caótico em termos de discussão sobre a maneira de atuar e de falar do próprio trabalho. Adaptei-me rapidamente à tecnologia, enquanto alguns colegas mais conservadores acabaram criticando, mas depois aderiram”, relata Nádilah.
Apesar da pandemia ter sido um momento de mudanças, a psicologa destaca que, os primeiros desafios do empreendedorismo surgiram logo após a sua formação. “O primeiro grande desafio é compreender que somos empreendedores e profissionais autônomos. A primeira grande descoberta após a faculdade foi perceber que não me formei apenas como psicóloga, mas também como empreendedora. Precisamos aprender a lidar com a falta de salário fixo, entender os investimentos necessários para a clínica, separar o dinheiro e ter um olhar empreendedor para nossa atuação. Esse é um desafio contínuo, que vamos aprender com a experiência.”