Redação: Beatriz Borges
Edição: Ana Maria Morais
A empresária Erika Santos, 31 anos, idealizadora da Njjnga Moda Afro, concedeu uma entrevista ao Araguaia Online, narrando sua trajetória de empreendedora da moda afrobrasileira em Aparecida de Goiânia. Ela criou sua marca em parceria com a mãe e assegura: “Somos um empreendimento coletivo, criativo e colaborativo”. A loja, além de vender roupas e acessórios, também tem parcerias com o segmento de calçados. Erika, que também é especialista em África e Africanidades, fala sobre os desafios que enfrenta por ser uma empresária negra, vendendo produtos afros. De acordo com ela, o primeiro obstáculo é a falta de financiamento, intensificado pela visão eurocêntrica e pela estética branca legitimadas pela maior parte da sociedade. Veja a entrevista concedida por Erika.
Qual a bandeira levantada pela sua marca?
Somos afroempreendedoras, nosso trabalho é ancestral. Criamos em sintonia com os movimentos da natureza, axé e poder que está em todas as mulheres, vestimos diversidades de corpos, com afeto, encanto e estética negra.
Quais são os principais produtos?
Vendemos nossos produtos, roupas e acessórios, principalmente Ojá, que é o turbante, amarrações, torsos… Vendemos nas redes sociais, vendas online e recebemos nossos clientes no Atelier Njinga Moda Afro, que fica na rua 04, no parque Santa Cecília, em Aparecida de Goiânia.
Por que o nome loja Njinga Moda Afro?
Njinga Moda Afro, nome que origina a palavra ginga, referência à rainha N’zinga de Angola, personagem histórico, que inspirou a formação dos quilombos no Brasil. Partindo das influências das africanidades brasileiras e da estética negra, produzimos no Atelier Njinga Moda afro vestuários (feminino e masculino), acessórios, Ojás (turbantes) e sapatos, em parceria com o designer de Moda Salmo Silva. Somos um empreendimento coletivo, criativo e colaborativo.
Como é a recepção das pessoas a essa moda tão diversa?
Há bastante procura, tanto de pessoas negras que procuram produtos que representem sua identidade e pertencimento, e também de pessoas brancas ou de outras etnias que se identificam com a estética negra.
O que ainda falta para vocês expandirem mais seus negócios?
O que falta é ampliar nosso alcance para que possamos alcançar resultados e poder investir em mais tecnologias de sustentabilidade e ampliar nossa produção garantindo a geração de emprego e melhor competividade no mercado.
Quais são as barreiras enfrentadas?
Enfrentamos as barreiras impostas pela visão eurocêntrica do mundo, da estética branca, precisamos superar a ideia da história única, da estética padrão. Superar esses paradigmas e estereótipos criados a partir de um imaginário racista se faz necessário para avançarmos em novas conquistas e mudanças de comportamentos.
O empreendedorismo negro tende a crescer nos próximos anos?
Na atualidade temos um movimento de valorização da diversidade étnico racial, das diferenças, este é um caminho sem volta. O empreendedorismo negro está conquistando cada vez mais o mercado e a economia, pois estamos apresentando alternativas coletivas, novos comportamentos de mudança de mentalidade em relação ao consumo e à natureza.
Quais medidas o governo deve tomar para que mais Erikas existam?
O estado brasileiro precisa ampliar e implementar políticas públicas de reparação histórica, incentivar a aplicação de ações afirmativas em todos os espaços de poder, a população negra necessita ter sua cidadania garantida. Investir na educação de qualidade e promover políticas de crédito com condições voltadas para os empreendedores negros, são medidas mais que urgentes. Assim, poderemos avançar em um desenvolvimento econômico e político, que reflita na emancipação das pessoas negras.