O procedimento é uma opção de tratamento para os pacientes que sofrem de doença renal crônica avançada. Até agosto de 2018 foram realizados 92 transplantes no HGG
Texto: Maria Planalto
Edição: Profa. Viviane Maia
A doação de órgãos é um ato nobre que pode salvar vidas. Muitas vezes o transplante pode ser a única esperança ou a oportunidade de um recomeço para uma pessoa. O Serviço de Transplantes Renais do Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) registrou, no primeiro trimestre de 2018, um crescimento de 100% no número de transplantes renais realizados na unidade. O comparativo é em relação ao mesmo período do ano passado. Até agosto de 2018, a unidade registrou um total de 92 transplantes de rins.
Goiás e outros quatro estados (Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Ceará) apresentaram o aumento deste tipo de procedimento. Contudo, segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, o Brasil registrou uma queda de 10% no número de transplantes renais no primeiro trimestre de 2018, quando comparado ao mesmo período de 2017.
Para coordenador do Centro de Terapia Intensiva (CTI) do HGG, Marcelo Rabahi, além dos bons resultados em relação ao número de transplantes realizados em Goiás, é importante que os processos sejam satisfatórios. A avaliação dos casos transplantados no ano de 2018 mostra que 92,3% dos pacientes obtiveram sucesso com o procedimento. “Esses dados trazem a certeza que a decisão de implementação do serviço de transplante renal foi acertada e o trabalho multidisciplinar desenvolvido na instituição deve continuar”, explicou.
Gastos
A prevalência de doenças renais crônicas vem crescendo na maioria dos países, consequentemente também existe um aumento de internações e consumo de recursos financeiros. O Sistema Único de Saúde (SUS) é o responsável pelo financiamento de 90% dos tratamentos de pacientes que se encontram em terapia renal substitutiva, como a diálise, que inclui a hemodiálise e diálise peritoneal.
“O transplante renal representa uma alternativa custo-efetiva para o tratamento das doenças renais crônicas, por isso, devemos investir cada vez mais tanto no incentivo da doação de órgãos quanto no investimento dos serviços de transplante no setor público”, avaliou Marcelo Rabahi.
Em Goiás, existem mais de 190 pessoas na fila de espera por um transplante de rim. O número de doares no Estado é baixo se comparado à média nacional. Ao fim do primeiro semestre deste ano, a taxa foi de 7,2 doadores por milhão de população, sendo a média nacional de 16,2 por milhão, conforme dados da Secretária Estadual de Saúde de Goiás.
O profissional por trás do transplante
Entre a retirada e o transplante de um órgão existem uma série de etapas. Para que isso seja possível, é necessário que o órgão corresponda a uma série de exigências até chegar ao novo corpo. Essas etapas vão desde as mais simples, como a verificação do tipo sanguíneo, até uma série de análises realizadas pelo Médico Patologista. Este profissional é o responsável por verificar se o órgão está em pleno funcionamento para desenvolver sua função em um novo organismo.
“Para que um órgão seja aceito em um corpo diferente, precisamos levar em conta não só a classificação sanguínea, mas o tamanho e a capacidade de desenvolver suas funções, pois em casos de mortes por infecção, por exemplo, o transplante pode ser descartado”, afirmou o presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Dr. Clóvis Klock. A equipe médica, além desses especialistas, também é responsável por encontrar um destino com critérios de proximidade, considerando o tempo útil do órgão fora do corpo, gravidade do paciente e o tempo na lista de espera.
“Quando há um alerta de possibilidade de doação, tudo tem que acontecer com muita rapidez, partindo da conversa com os familiares, passando pela busca por um paciente compatível. Todo o processo deve acontecer respeitando o tempo limite de sobrevida de um órgão, que pode variar. Um coração pode ficar parado por até 4 horas, já um fígado resiste até 12 horas fora de um corpo e um rim aguenta 36 horas sem circulação sanguínea”, contou o Dr. Klock.
Quero ser Doador de Órgãos. O que fazer?
Se você quer ser doador de órgãos, avise a sua família.
Para ser um doador, basta conversar com sua família sobre o seu desejo de ser doador e deixar claro que eles, seus familiares, devem autorizar a doação de órgãos.
No Brasil, a doação de órgãos só será feita após a autorização familiar.
Dois tipos de doador:
1 – O primeiro é o doador vivo. Pode ser qualquer pessoa que concordo com a doação, desde que não prejudique a sua própria saúde. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.
2 – O segundo tipo é o doador falecido. São paciente com morte encefálica, geralmente vítimas de catástrofes cerebrais, como traumatismo craniano ou AVC (derrame cerebral).
Os órgãos doados vão para pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, definida pela Central de Transplantes da Secretaria de Saúde de cada estado e controlada pelo Sistema Nacional de Transplantes.