Pedro Novaes, Jordana Oliveira debateram sobre diversos tópicos da pauta com a coordenadora dos cursos de comunicação, Viviane Maia | Foto: Geisa Peixoto/Uniaraguaia
A Coordenação dos Cursos de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário Araguaia (Uniaraguaia) deu início a Semana de Integração Acadêmica 2023/2, nesta segunda-feira, 16. A atividade que abriu o evento para os alunos foi a mesa-redonda intitulada Comunicação Ambiental, desafios contemporâneos, realizada das 8h30 às 11h30, na Sala de Atos da Unidade Bueno, e que contou com debates sobre a pauta norteadora do semestre com convidados.
A coordenadora dos cursos de comunicação da Uniaraguaia, professora Viviane Maia, introduziu a pauta norteadora do semestre para os alunos e ressaltou a importância do papel do comunicador mediante as divulgações e debates referentes às questões ambientais. A pauta foi debatida pelos convidados Pedro Novaes, geógrafo, mestre em Ciência Ambiental e também diretor e roteirista de cinema, e a publicitária e mestre em Comunicação pela UFG Jordana Oliveira, que atua como empreendedora social e diretora de Relações Institucionais no Instituto EcomAmor.
Pedro, trouxe para a mesa-redonda um debate sobre a existência de petróleo na Foz do Amazonas, pauta discutida em maio deste ano, em que a Petrobras teve o pedido de licença para realizar sondagem na área negado pelo Ibama. O geógrafo destacou diversos pontos sobre a cobertura jornalística do caso.
O cineasta afirmou que existem controvérsias sobre a cobertura da Foz do Amazonas, uma vez que muitos jornais têm discutido sobre apenas para gerar engajamento, com tom caótico da notícia, ou para levantar posições políticas. Segundo ele, a questão ambiental entrou de vez para o mainstream, a chamada cultura ou moda principal e dominante da sociedade, da política.
“O que é muito importante, não só no Brasil, mas que está evidente aqui, é a divisão que a questão ambiental faz no cenário político. Na direita, virou uma espécie de espantalho, de fantasma. Uma figura exibida para mover certos interesses, como o agronegócio”, pontua Pedro.
Ele ressalta como essa cobertura e posicionamento político dificulta e prejudica o entendimento da questão ambiental, atrasando o debate racional. No entanto, o geógrafo acredita que seja essa a intenção do cenário político, uma vez que o locutor moderno busca tirar conclusões prévias movidas por emoções, sem um aprofundamento lógico e científico.
“O meio é a mensagem, como diz McLuhan. Vivemos uma fragmentação é um caos informacional sobre como as pessoas navegam. Isso se soma a como tratar sobre questões ambientais, que acabam se tornando assuntos difíceis e caóticos de se tratar”, comenta Pedro.
Pedro aprofundou mais sobre a cobertura jornalística e o cenário político, trazendo questões sobre a complexidade do meio ambiente, a proliferação de fake news e os impactos e consequências. O geógrafo encerrou sua fala alertando que “só é possível um debate sobre meio ambiente, se a ciência for compreendida e tiver uma voz e espaço para ser debatido”. Pedro convidou os alunos da comunicação a despertarem interesse sobre a pauta e se conscientizarem sobre e, em seguida, passou a voz para Jordana Oliveira.
A publicitária Jordana Oliveira aproveitou primeiramente para apresentar o Instituto EcomAmor, onde atua como diretora de Relações Internacionais. A organização tem como missão “promover uma educação transformadora e comprometida com o impacto socioambiental positivo e o fortalecimento de comunidades de territórios em Goiás”.
“Sabemos que o Brasil não é um país seguro para debater sobre meio ambiente. Em Goiás, temos muitas disputas dentro da comunicação. Na EcomAmor, vivemos vários entraves em relação a políticas ambientais. Não recebemos recursos e não temos debate sobre com a prefeitura e o Estado. Há um desinteresse muito grande pela pauta”, relata Jordana.
Jordana pontuou sobre o papel de protagonismo e reestruturação da imagem do governo atual em relação à pauta. Ela acredita que este seja o melhor momento para se promover um debate sobre o assunto, principalmente em Goiás, onde a comunicação deve trazer luz sobre os recentes impactos que o Cerrado vem sofrendo.
A diretora-executiva do Instituto EcomAmor concluiu sua fala mencionando a importância da construção de um diálogo sobre a questão ambiental nas escolas. “É nesse período que se forma o indivíduo para se tornar um cidadão consciente e ativo sobre a pauta”, afirmou Jordana.
A mesa-redonda foi encerrada com um debate entre os convidados, os alunos, a professora Viviane Maia, e a professora Márcia Pimenta, que também estava presente. Além disso, os participantes da atividade também ganharam certificado de 4 horas complementares.