Famílias vivem em condições sub-humanas nos bairros Parque Eldorado Oeste e Residencial Itaipu
EVANDRO ANDRADE
Com o crescimento dos grandes centros urbanos, ocasionado pela migração de famílias camponesas, o preço de casas ou terrenos para moradia inflacionou. Hoje muitos trabalhadores não conseguem adquirir um local para morar. As pessoas do campo que migram para as grandes cidades, às vezes, por falta de qualificação não conseguem um emprego. Famílias, sem ter onde morar, por falta de alternativas abrigam-se nas ocupações urbanas.
No Parque Eldorado Oeste, dezenas de famílias estão à espera de uma casa, enquanto o sonho da conquista da moradia não chega, muitas pessoas vivem em condições sub-humanas, acampadas em barracões de lona, quando chega o meio dia o calor no interior das barracas é insuportável.
Virgílio Batista da Silva, 60, morador do local, conta que em breve conquistará a casa “há mais de um ano que vivo nessas ocupações tentando conseguir uma casa, mas essa empreitada aqui é a última que pretendo enfrentar, pois tenho fé em Deus e nos candidatos a prefeitos, pois eles vão nos deixar ficar aqui nesse loteamento”, disse.
Lidiane da Silva, 35, também é moradora da ocupação do Parque Eldorado Oeste, ela mostrou o local onde está passando a noite, com colchão no chão, no meio do tempo, encostada em uma cerca. “Meu filho saiu hoje para vigiar carros pra ver se ganha umas gorjetas para nós comprar comida, até agora não comi nada”, afirmou.
Na data desta entrevista ocorreu uma reunião na ocupação, no Residencial Itaipu, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), comparece 300 pessoas. Na atividade foram discutidas estratégias de luta do movimento, técnica de resistência nas ocupações, grito de guerra e, cadastramento de novos integrantes para fazer parte da luta por moradia.
O Dirigente estadual e membro do movimento nacional MTST, Rogério da Cunha explicou que “o objetivo é fortalecer o poder popular, mostrar às famílias que elas têm direitos, inclusive à moradia digna. O nosso maior desafio é mostra que a forma dessas famílias conseguirem seus objetivos é lutando por eles, não é pagando propina, nem depositando à esperança de um futuro melhor nas mãos de candidatos. Disse, finalizando com um grito. MTST, a luta é pra valer”.
Muitos daqueles que estão acampados tem profissão, mas reclamam da falta de vagas no mercado de trabalho e, atualmente vivem de doações de alimentos, roupas, remédios. Virgílio Batista tem um problema na perna e, por isso não tem condições para trabalhar.
Eronildes da Silva Nascimento é uma veterana na luta por moradia. Participou da ocupação Sonho Real, no Parque Oeste Industrial, em 2004, que foi a maior ocupação urbana de Goiânia. Eronilides estava presente na desocupação feita pela Polícia Militar, em fevereiro de 2005, que resultou na morte de seu esposo, Pedro Nascimento da Silva, e de outro morador, bem como 80 feridos por arma letal e, 800 presos.
Eronildes aconselha Rogério da Cunha na lida com o MTST e, faz duras críticas à mídia goiana, “na época, a mídia pregoava uma imagem de que na ocupação só existia marginais, isso pode ter influenciado a justiça a conceder um parecer favorável à desocupação. Assim que saímos do Parque Oeste fomos para abrigos, todo mundo amontoado em ginásios, as condições eram insalubres, muitos morreram, adoeceram”, avaliou.
Atualmente as famílias do Parque Oeste Industrial estão morando em casas populares construídas pelo governo estadual, no Residencial Real Conquista, são mais 2,5 mil famílias que agora têm casa. Mas o problema de moradia em Goiás esta longe de ser resolvido. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Goiás tem um déficit de 161, 29 moradias.